<
>

O 'ambiente hostil' que Atlético-MG se livrou e já assustou até campeão pelo clube: 'Dá medo'

Atlético-MG e Rosario fizeram a final da Copa Conmebol de 1995 ESPN

O Gigante de Arroyito, palco do jogo entre Atlético-MG e Rosario Central pela CONMEBOL Libertadores, é conhecido por ser um local bastante hostil. Em 1995, o estádio recebeu a decisão da extinta Copa Conmebol entre as equipes, que se enfrentarão novamente nesta terça-feira (07), às 19h (de Brasília).

O ambiente criado pelos torcedores costuma intimidar até mesmo os jogadores mais experientes. Ex-jogador do Galo, Paulo Roberto Prestes esteve no jogo do século passado e relatou o 'medo' que teve dos argentinos. Desta vez, o Atlético-MG não contará com essa torcida, já que o Rosario cumpre punição da Conmebol em jogo que será realizado com portões fechados.

“Naquela época tinha uns três ou quatro metros de alambrado atrás dos gols. Os caras ficavam pendurados e parecia que eles iam cair em cima da gente. O campo é muito próximo. Isso aí realmente dá medo”, disse o ex-lateral atleticano Paulo Roberto Prestes, ao ESPN.com.br.

O Atlético-MG vinha com uma enorme vantagem depois de vencer o Rosario no duelo de ida, realizado no Mineirão, por 4 a 0 - gols de Ézio, Cairo, Paulo Roberto e Silva. Mesmo assim, o clima no clube brasileiro não era bom.

“Era um Atlético meio que despedaçado, sabe? Com situações inusitadas assim, de diretoria e jogador. Taffarel até brigou muito com o presidente e quase saíram literalmente na pancada. A gente estava com quatro meses de salários atrasados. A gente teve uma reunião com a diretoria antes da viagem da decisão e foi nos comunicado que não teria nem dinheiro para a premiação”, contou Paulo.

Para piorar, os rivais montaram uma verdadeira arapuca. Paulo conta que os foguetórios realizados na madrugada perto do hotel não deixaram os atleticanos dormirem antes do jogo. Ao chegar no estádio lotado, uma torcedora teria agredido o preparador físico do Galo com um tapa no rosto.

“Quando a gente entrou em campo, eu falei com o juiz que não tinha segurança nenhuma para aquele jogo. Os caras estavam meio loucos, esse dia não teve exame antidoping. Eu falei: ‘Aqui está sendo um assalto, literalmente. Foi um assalto que fizeram com a gente lá. Foi uma coisa surreal”, disse o ex-jogador.

'Dei um murro e ele não sentiu nada'

A pressão intimidou o time brasileiro, que levou 2 a 0 no logo no primeiro tempo, com Rubén da Silva e Carbonari. Paulo foi expulso junto com o zagueiro argentino Federico Lussenhoff logo depois do segundo gol argentino.

“Peguei a bola de dentro do gol para acalmar a galera. Um zagueiro deles me levantou no pescoço e eu dei um murro no cara, que não sentiu nada. Falei: 'Nossa, esse cara está muito louco' (risos)”.

Antes do final do primeiro tempo, os argentinos fizeram o terceiro gol, com Cardetti. Na etapa final, os donos da casa chegaram a 4 a 0 aos 43 minutos, com Carbonari.

O resultado levou a decisão para os pênaltis, que foi vencida pelo Rosario por 4 a 3.

"Foi uma coisa surreal. Tanto é que quando eles ganharam nos pênaltis, eles queriam invadindo o nosso vestiário. Eles não foram nem comemorar. Nós tivemos que sair correndo, sem polícia, sem nada, entrando no vestiário. Sorte nossa que o nosso massagista trancou a porta do vestiário. Não digo que teria morte, mas a coisa ia ficar muito feia", disse.

O jogo desta terça não terá a presença de torcedores justamente por causa das confusões dos torcedores que agrediram o jogador Maximiliano Olivera, do Peñarol, na estreia da Libertadores.

"Os caras chegam igual loucos já querem te bater. Eu estou curioso, com toda a sinceridade para chegar o dia e ver esse jogo, mas eu vou ficar na televisão aqui. Não vou lá não (risos)".