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O que aconteceu com Wendell Lira, outro brasileiro que 'se apresentou ao mundo' com Prêmio Puskás

Wendell Lira recebendo o prêmio Puskas, em 2016 Getty Images

O Brasil conquistou mais uma vez o Prêmio Puskas de gol mais bonito do ano pela Fifa. Nesta segunda-feira (15). Guilherme Madruga se apresentou ao mundo com um golaço marcado pelo Botafogo-SP na Série B de 2023.

O meio-campista, porém, não foi o primeiro a ganhar os holofotes. Em 2015, Wendell Lira conquistou a premiação vencendo Lionel Messi por golaço marcado com a camisa do Goianésia contra o Atlético-GO pelo Campeonato Goiano.

O prêmio rendeu muitas homenagens ao jogador, que recebeu uma estátua em Goianésia e ainda virou tema de selos nos Correios.

Mas a carreira do atacante não foi longa. Seis meses após o prêmio, Lira anunciou sua aposentadoria. Então aos 27 anos, ele tinha se transferido para o Vila Nova, onde fez apenas nove jogos e não balançou as redes.

Mesmo longe dos gramados, Wendell não se afastou do futebol. O agora ex-atacante passou a se dedicar à sua carreira como jogador profissional de 'Fifa', atualmente denominado EA FC.

A carreira de gamer do brasileiro foi impulsionada justamente pelo Puskas. Quando foi receber o prêmio em Zurique, na Suíça, o ex-atleta aceitou o desafio de Abdulaziz Alshehri, o campeão da FIFA Interactive World Cup na época, e não só o venceu como comandou o Real Madrid em uma goleada por 6 a 1 contra o Barcelona do rival.

Com o passar do tempo, Lira se firmou cada vez mais na nova carreira, mas sua profissão anterior seguia sendo tema. Em entrevista em 2021, fez desabafo sobre os problemas que teve nos gramados.

“A parte ruim do futebol é que é desonesto, cheio de f... da p... e técnico cheio de esquema. Eu trabalhava três meses ganhando R$ 2 mil e ficava cinco desempregado. Depois do Puskás, eu fui mandado embora do Vila Nova por telefone. O presidente decidiu que eu não podia treinar, nem entrar no clube. O futebol é isso”, disse.

“O que passa na TV, a parte bonita do Neymar, do carrão, é apenas 4%. 96% não tem condições de dar uma vida digna para esposa e filhos. Eu passei perrengues muito f... por causa do futebol. Morei de favor com meu sogro, passei dificuldade, porque o futebol é muito injusto. É f@#$%, irmão. Mas somos apaixonados. Todo moleque quer ser jogador. É gostoso, sensação única, mas 96% não tem condições de ter nada”, completou.

Além disso, Lira comparou suas condições de vida como jogador e atualmente, como gamer, disse que existe preconceito de algumas pessoas e ainda celebrou o fato de poder estar mais perto da família.

“Hoje, minha vida (como gamer e youtube), nem se compara. É outro patamar de qualidade de vida, descanso, família, financeiro, filhos. Acompanhei todos os meses do meu filho, estava no parto”, apontou.

“Às vezes debocham e falam: ‘vai jogar o seu videogamezinho’, mas eu fico chateado com isso. A melhor e mais gostosa coisa que eu fiz na minha vida foi jogar videogame. Eu vivi um pedaço muito f... da minha vida por causa do futebol. Entrei em uma depressão f... Se não fosse minha esposa e minha família, eu não estaria aqui”, desabafou.

Atualmente, Wendell Lira defende a equipe Fluxo no time de EA FC 24. O anúncio foi feito pelo time no final de novembro.